Na semana passada, tive mais uma vez problema com a intolerância nas quadas do DF. Para quem conhece Brasília, ou, como eu, nasceu aqui, um dos maiores presentes que recebemos do pensador de nossa cidade, Lúcio Costa, foi a configuração das Superquadras. Brasília pode ter muitos outros problemas estruturais, mas as superquadras, conjuntos de cerca de dez blocos (mais conhecidos como edifícios no resto do Brasil), com uma quadra, um parquinho, etc, são um convite ao convívio entre as pessoas.
Então, as superquadras, principalmente nas férias, são uma incrível mostra de como as crianças se divertem juntas, descem para baixo do bloco, brincam de pique, de bicicleta, de bola, de casinha, de carrinho, tudo o que criança brinca mesmo. Uma festa! Eu acho lindo!
Entretanto, existem pessoas que não gostam do convívio. Preferem ter prédios prontos para serem fotografados pelas casas Cláudia da vida, achando que a vida é isso aí: viver numa vitrine. Sem vida, simples assim.
Daí que semana passada, a síndica do meu prédio viu as babás preparando um piquenique embaixo do prédio (coisa que sempre fazem, mas sempre limpam tudinho depois). E cada vez chegavam mais crianças e babás, uma festa no meio da semana, graças às férias. Quando eu vi essa síndica chegando, já imaginei o barraco. Mas assim mesmo, eu subi para fazer minha aula de pilates com a Ju.
Daqui a pouco o telefone toca. Era a Célia, a babá dos meninos, dizendo que a síndica estava expulsando todo mundo do prédio. Na mesma hora, desci com a Ju. E a síndica estava perguntando de uma por uma das babás: você é daqui? Não? Então vá embora.
Pense em alguém que ficou enlouquecida! Já desci perguntando se ela já tinha ouvido falar em Lucio Costa e que o pilotis é área pública, e que meus filhos e os amigos deles podem ficar lá fazendo a algazarra que quiserem porque estamos em BRASÍLIA!!!!!!! E quero ver quem vai impedir. E a síndica dizia que era advogada e que não tinha nada disso. Quanta ignorância, meu Deus. E a mulher diz que vive em Brasília há muito tempo. Será que nunca se preocupou em saber como funciona sua própria cidade. No final, eu falei com ela: “pergunta pro IPHAN, minha senhora, se você tem o direito de impedir pessoas de brincar no pilotis”.
O Bruno chegou e entrou na briga também, a Ju também deu um monte de pitacos na mulher e uma moradora do prédio vizinho disse que ia processá-la se ela pensasse em expulsá-la do prédio.
Fico revoltada com essas coisas. Essa gente elitista. Certamente, se o pilotis não estivesse cheio de babás, mas de mães com seus filhos, essa mulher ia pensar muitas vezes antes de fazer o que fez.
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