segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Correndo atrás do sonho

Se tem uma pessoa que eu admiro é o meu primo Julinho (ou Julindio Macuxi, como ele gosta de ser chamado). Desde pequena eu via o Julinho renegando os padrões que a vida impõe pra gente: casa, emprego, família, tudo certinho, como manda o figurino. Eu sou feliz nesse figurino, mas o Julinho desde sempre soube que nao seria feliz assim. Ele sempre lutou para viver a vida que sonhou: uma casa com paredes de pano, um céu estrelado como teto, uma vida dedicada à natureza e o mínimo de consumo e conforto, impensável para 99% da populaçao. A casa custa muito pouco financeiramente, mas custa muito abandonar todo o padrão que a vida moderna nos impõe. E o Julio foi atrás do sonho dele e vive assim.

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Pergunte se o Julio já foi criticado... Ele foi, e muito. Custou muito até conseguir se encontrar, numa aldeia na Paraíba, a meia hora de João Pessoa, onde montou um santuário ecológico, e ganha seu sustento trazendo turistas meio bicho-grilos para andar pelas trilhas que ele mesmo abriu na área de preservaçao ambiental da Aldeia Flor d'Agua. Ele faz questao de receber o turista com uma música, vestido (ou despido) de índio, mostra sua casa sem paredes, sem limites, mostra sua família, a esposa índia linda Elayne, o maravilhoso bebê Ierê que nasceu há 2 meses, e o menino onça Iuri, que nos recebe com um rugido e sai correndo com seus pezinhos descalços, subindo nas árvores como se fosse seu território (e quem disse que não é?). A vida é simples, a grana é curta, mas quem precisa de muito dinheiro vivendo de uma forma sustentável?

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Eu, Bruno e Arthur já tínhamos visitado a Aldeia há uns 5 anos, e voltamos agora também com o Léo, e com nossos amigos natalenses Ugo, Carla, Luca e Enzo.
Pense nuns meninos malucos quando fomos conhecer a casa/oca do Julinho.
O Iuri anda solto no mato, corre descalço e sobe em árvores. Os meninos tentavam imitá-lo. Divertiam-se. Riam, balançavam na corda amarrada na árvore. Felizes. Como diria Milton Nascimento, “vida de moleque é vida boa…”

Fico lembrando da minha adolescência de quando o Julio montou o grupo Ecologia da Mente (numa época em que nem era tão descolado ser ecológico) e saía recolhendo lixo das cachoeiras e apagando incêndios no cerrado em seu fusca velho. Começava a dar os primeiros passos no seu sonho.

E o Julinho segue feliz, rindo à toa, mostrando que seu sonho de toda a vida faz todo o sentido.

6 comentários:

Anônimo disse...

Bom, você sabe realmente muito sobre mim,kkkkk Encheu meus olhos verdes de água. Bom ver que alguem que acompanhou tudo desde o começo ainda pode acompanhar o agora e ver que eu não era o doido sem juizo que quase todos pensavam. Brigadão,minha priminha. Adorei o reconhecimento. Beijão verde e um abraço "tabatingado" da lama que me hidrata.

Anônimo disse...

Adriana, ninguém melhor do que você para contar essa estória, que é assim, assim! Amei seu texto e as fotos. Sempre fico muito feliz qdo vejo que o Júlio segue feliz, realizado com a vida que escolheu!!! Um exemplo de alegria, desprendimento e respeito às próprias convicções!

Anônimo disse...

Rosilda :-)

Anônimo disse...

Dri, parabéns pelo seu texto... Luca e Enzo realmente ficaram encantados em conhecer esse reservatorio ecologico tao bem cuidado. Parabens para familia de Julindio.

Carla Mara-Natal/RN

Rogerio Rosso - rossorogerio@gmail.com disse...

O Julinho sempre foi assim, amante da natureza, dos animais, das Florestas. Que bom que ele esta feliz, que ele esta realizado. Pessoa de coração bom e amigo de todas as horas sempre ele foi. Adriana, lembro de vc e se nao me engano vcs moravam no lago norte. Por favor , manda um abraçao para o Julinho e sua família e quem sabe um dia vamos visita-lo na Aldeia.

Jovelino Ambientalista. disse...

Desejamos, eu e minha mulher, passar as féria de janeiro na aldeia é possível?

Jovelino