segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Michael Moore acerta de novo

* Um homem entra num hospital com dois dedos em frangalhos. O médico diz que "salvar" um dos dedos custará U$ 12 mil. O outro, U$ 50 mil. Ele escolhe perder o dedo mais caro, por não ter dinheiro para pagar pelos dois...
* Isso aconteceu, e acontece, todos os dias nos Estados Unidos... Quando a gente fala mal do nosso SUS aqui... A filosofia deles lá é pagou, tem atendimento. Se não tem dinheiro, ou se seu dinheiro só serve para pagar um plano merreca, você morre e não ganha nem noticiário no jornal. Vi um filme do Michael Moore, que eu adoro, que é outro soco no estômago dos americanos. SICKO é o nome desse filme imperdível, que conta como começou a visão mercantilista da saúde norte-americana.
* Michael Moore começa sua peregrinação para ver como são outros países visitando o Canadá. Claro, toda a saúde é pública, de graça, e as pessoas não veem nada de errado em pagar pelos que não podem... "Como assim?"
* Na Inglaterra, ele vai a um hospital, pergunta para as pessoas há quanto tempo estão esperando atendimento. 15 minutos, 10 minutos, no máximo. Nos EUA, costumam dizer que esse sistema de saúde que trata do mesmo jeito um mendigo e o presidente é COMUNISMO... Então ele vai na casa de um médico inglês, funcionário do estado, querendo ver o comunismo nisso tudo. Ele vê que o cara mora numa casa de 1,6 milhões de libras, tem um Audi na garagem. E é o governo que paga o salário dele.
* Quando Michael Moore está num hospital inglês, ele lê "caixa" e diz: "opa, ali está escrito caixa, as pessoas têm que pagar pelo atendimento". E o moço do caixa esclarece que é ali que as pessoas que não têm dinheiro para pagar o transporte até o hospital são ressarcidas !!!
* Na França, ele descobre estupefato que as mães recém-paridas têm direito a uma babá algumas vezes por semana, para que possam ter ajuda em casa. Pagas pelo governo (!!!). Ele se reúne com vários americanos que moram na França, e um deles diz que, quando chegou, teve que passar por um questionário no sistema de saúde e foi perguntado por doenças pré-existentes. Ele se lembrou que nos EUA ter doenças pré-existentes é sinônimo de tortura por parte dos planos de saúde, disse que quase mentiu para os franceses, mas acabou revelando que tinha diabete. Ficou surpreso quando o governo francês o colocou num programa para tratar sua doença. "Como, aqui as pessoas tratam suas doenças pré-existentes e não o punem por elas?", pergunta um boquiaberto Michael Moore. O que mais me impressionou na França foi uma americana dizendo que se sentia CULPADA por ter tantos benefícios e vantagens na França, enquanto seus parentes continuam morando... nos EUA.
* Um grupo de voluntários do 11 de setembro adquiriu vários problemas de saúde: um rangia os dentes de nervoso até perder toda a arcada superior, outros tinham problemas respiratórios por terem respirado aquela poeira horrorosa das torres gêmeas durante várias semanas. Mas o governo americano negou pedido deles de se tratar em hospitais americanos, já que não tinham plano de saúde. Michael Moore levou todos... para Cuba. Foram para um hospital cubano e choraram ao ver que os médicos os atendiam, sem pagamento. Uma das mulheres usava uma bombinha de asma que custava U$ 130 nos EUA. Em Cuba, a mesma bomba custava na farmácia 50 centavos de dólar. Ela chorou muito com a situação.
* E eu fiquei embasbacada com a filosofia mercantil da vida norte-americana. Claro que temos um sistema que deixa pessoas morrerem nas portas dos hospitais. Mas também somos referência mundial no tratamento público da AIDS, temos um sistema de transplante e rede públicos de medula óssea que supera muito sistema do primeiro mundo, não nega atendimento a ninguém e procura doador em qualquer lugar do planeta. Queremos ser iguais a França, à Inglaterra, ao Canadá, a Cuba. Queremos que todos tenham direito ao mesmo atendimento. Não quero que a gente busque no Brasil o sistema igual ao americano... Porque aquele lá, como a economia do país, também está falido...

Um comentário:

Anônimo disse...

E olha, Adriana, eu sei dessa terrivel realidade vivendo de perto. Mesmo com um plano de saude muito bom, de organismo internacional, a gente passa cada raiva, decepcao, e ficamos de boca aberta ao constatar os absurdos daqui. O sistema de saude do Brasil eh muito, muito, muito melhor do que dos EUA.