sábado, 31 de agosto de 2013

Um sonho de educação

 

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Quando o Arthur escreveu isso num dever de filosofia, minha primeira reação foi de rir muito. Até postei no Facebook. Mas em seguida comecei a pensar: será que a escola representa somente trabalho para o meu filho? É isso o que eu desejo?

Daí vieram trabalhos de escola com os quais fiquei especialmente chateada por causa da falta de contexto. Por exemplo, ele tinha que pesquisar sobre culinária, história, geografia e economia da Região Sul. Se eu bem me lembro dos tempos de escola, as pesquisas que eu fazia só serviam para copiar da enciclopédia delta as respostas, sem nunca me preocupar com o que eu estava escrevendo.

Hoje em dia, elas são cópias da internet. Eu tentei situar o Arthur na região sul, falei que já fomos para Gramado, para Santa Catarina, e para as Cataratas do Iguaçu, todas na região sul. Fiz com que lembrasse das comidas típicas de lá. E perguntei se a professora perguntou em sala se algum aluno era do sul, se alguém já tinha passado férias lá. Ele disse que ela não perguntou. Ou seja: a educação fora do contexto. Na idade em que estão, é preciso dar coisas e exemplos concretos para que a criança realmente entenda. Uma grande oportunidade de vivenciar exemplos foi perdida...

Hoje fui a uma palestra MARAVILHOSA do educador da Escola da Ponte, em Portugal, José Pacheco. Você já ouviu falar da escola da Ponte? É uma história fascinante e inspiradora de como a educação pode ser usada para mudar, transformar, tornar uma simples criatura num cidadão. Para conhecer mais sobre a escola da ponte, sugiro esse livro do Rubem Alves, cujo título já diz tudo: A escola que sempre sonhei e nunca pensei que pudesse existir. Essa  filosofia também está formando alguns frutos no Brasil, como no Projeto Âncora, em São Paulo, o que se pode verificar nesse vídeo

Daí você me pergunta: por que essa mãe está me falando isso tudo? Porque eu gostaria que a escola dos meus filhos fosse um pouco como a Escola da Ponte. Onde os professores não precisam encomendar pesquisas só para constar do calendário escolar, mas para que as crianças realmente possam se interessar por aprender. Onde a palavra que meu filho relacione à escola/professor não seja trabalho, mas inspiração e exemplo. 

O José Pacheco falou do poder das palavras. Educação Superior? E qual é a inferior? Grade curricular: prisão? Carga horária: trabalho? É isso o que queremos para nossos filhos? Quero inspiração na educação.

Você deve estar pensando "mas ele escreveu também que a família só representa mesada". É fato, mas como aqui em casa a mesada é uma coisa negociada, mais educativa do que financeira propriamente dita, e que ele fica várias semanas sem receber os 10 reais dele porque fez alguma má-criação, eu não vesti a carapuça. Mas, de repente, é outra coisa a se pensar.

6 comentários:

Carmen G. Gramacho disse...

Puxa vida Dri, acho que vou copiar você e levar as escolas do DF (onde estou quase todas as semanas)essa enorme contribuição. Como você sabe já sou avó de netos grandes e de pais lúcidos, mas me interesso muito "ainda" pelo tema, "educação para crianças".
Parabéns pela reflexão e agora vou visitar a Escola de Portugal.
Um forte abraço
Carmen Ganzelevitch Gramacho

Adriana Magalhães disse...

Carmen, pode levar o texto pras escolas, eu queria uma revolucao de educacao no brasil. Eu fiquei sabendo que tem algum projeto piloto da escola da ponte no Df mas nao sei onde..
Dri

Marusia disse...

Oi, Dri,
fiz um link para seu post: http://maeperfeita.wordpress.com/2013/09/03/o-aprendizado-do-amanha/
A melhor parte de conviver com crianças é ter a oportunidade de questionar novamente tudo aquilo que parecia fixo...
#AMO
Beijos,
Marusia

Adriana Magalhães disse...

Valeu, Marúsia!
De gota em gota a gente enche um oceano!
Dri*

Si disse...

Olá, gente,

meu nome é Simone, sou professora da UnB e faço parte há quase 3 anos do Projeto Autonomia, um projeto de extensão na Universidade de Brasília que atua no sentido de dialogar com, estudar e fomentar práticas inovadoras em escolas orientadas para a construção de ambientes nos quais seja possível florescer a autonomia, a criatividade, a responsabilidade e a solidariedade.

Fazemos colaborações com escolas, oficinas ( com educadores e estudantes) e talvez mais importante que tudo, acho que temos fomentado a formação de novos professores com um olhar diferenciado para o educando e para o fazer coletivo

Muitos dos nossos ex-alunos estão hoje como professores nas escolas...nosso sonho seria ( é) que a gente pudesse reunir uma massa crítica destes profissionais em uma só escola, em um projeto piloto com autonomia para a construção de um PPP que não fique apenas na gaveta com palavrório bonito e práticas antigas nas salas.

Temos uma lista brasiliense de Românticos Conspiradores - https://groups.google.com/forum/#!forum/romanticoscandangos
é só entrar., Queremos que essa lista seja catalisadora de trocas, de idéias, de cosntruções coletivas, talvez não apenas para uma mas para várias escolas inovadoras. Neste âmbito, Brasília é um verdadeiro deserto . Tirando, em minha experiência, a Vivendo e Aprendendo , escola de educação infantil associativista, que já tem 30 anos de um fazer sensível !


Este ano realizaremos em Brasília a Conferência de Alternativas para uma Nova educação. (CONANE) aqui na UnB, de 19-21 de novembro. Será uma boa oportunidade para nos conhecermos e trocarmos figurinhas na direção de uma educação realmente diferente
http://conane.org/
abraços

Simone

Si disse...

http://conane.org/