sexta-feira, 9 de agosto de 2013

“Nós, as mulheres, gostamos de parir"

Eu não posso falar por todas as mulheres, mas digo por mim: parir meus dois filhos foi certamente a melhor sensação que já tive na vida.
Ouvi a frase do título hoje, assistindo ao filme “O Renascimento do Parto”, com o qual eu contribuí com uma pequena quantia que permitiu que meu nome saísse nos créditos finais como agradecimento (fiquei orgulhosa). O filme bateu recorde em financiamento coletivo pelo site Benfeitoria, sendo que a meta inicial de 65 mil reais foi atingida em apenas 3 dias. Ao final, foram 143 mil reais de financiamento, o que prova que muita gente, como eu, está interessada em conscientizar as pessoas e tentar reverter a lógica do “parto fast food” servido nos hospitais hoje em dia.
Chorei vendo a violência com que arrancam os bebês nos hospitais das barrigas das mães. Me identifiquei com o Márcio Garcia (que teve 3 filhos, o primeiro de cesária, o segundo de parto normal e o terceiro em parto domiciliar). Ele conta que ficou indignado quando a enfermeira pegou o filho dele pelo pé (“como se fosse um frango”) para dar banho, e a enfermeira justificou que fazia aquilo todo dia. “Mas meu filho é meu, é único, e você não vai tratá-lo como mais um”, respondeu.
Fiquei lembrando muito dos meus partos, até me arrependi de não ter deixado um registro de fotos ou vídeos do momento. Fiquei lembrando de como é boa a sensação das primeiras contrações, que te contam que o bebê está pronto para sair. Como é boa a sensação das contrações se intensificando, enquanto o mundo lá fora vai perdendo importância, e a única coisa que interessa no mundo é aquele processo de simbiose entre mãe e filho. Me senti poderosíssima quando Arthur e Léo saíram de mim, cansadíssima, mas carregada de um amor que foi coroado naquele momento único. Quando você está exausta, suada, descabelada, e te entregam o seu filho no colo para mamar, quando ele se acalma com sua voz, DEFINITIVAMENTE, isso NÃO TEM PREÇO.
Não quero mais ter filhos por N motivos. Mas se fosse pelo parto, eu teria uns 10. Morro de saudades desse momento, e vendo o filme eu acho que até arriscaria um parto domiciliar numa boa (se eu tivesse mais filhos), como conheço algumas que fizeram e só dizem maravilhas…primeira foto
E mais emocionante ainda foi ver no filme o depoimento da minha obstetra Rachel Reis, que nos meus dois partos era mais do que uma médica, era como uma melhor amiga me dando força para continuar. Te admiro demais, Rachel!
Tenho um sentimento de choque quando vejo a sociedade (e muitas mulheres) ficarem impressionadas quando digo que tive dois partos normais. “Noooosssa, mas cesárea é muito melhor…”. De onde surgiu esse pensamento, meu Deus?
EU TENHO ORGULHO DE SER UM ANIMAL MAMÍFERO, FÊMEA, E DE COLOCAR FILHOS NO MUNDO COMO A HUMANIDADE SEMPRE FEZ HÁ MILÊNIOS.
na suíte de partoGostei muito de um depoimento que ouvi hoje: tem mulheres que justificam a cesárea porque não entraram em trabalho de parto… Mas o tempo delas foi respeitado? Cada uma tem o seu trabalho de parto. Se não dermos tempo ao tempo, nunca vamos saber. No parto do Arthur, meu trabalho de parto começou na segunda-feira de manhã, durou até de noite, na terça-feira de manhã parou e recomeçou na terça à tarde. Ele foi nascer depois das 9 da noite da terça. No do Léo, comecei as contrações ao meio-dia num churrasco e 8 horas depois ele estava nascendo. Tudo tem seu tempo.
DSC08298
E o mais legal é que no meu círculo de amizades, eu não sou um ET. A grande maioria das minhas amigas teve filhos de parto normal e estão muito felizes com sua escolha. Porque o parto normal, na maioria das vezes, é uma escolha da mulher, mesmo que não seja escolha do médico. Ju, Jaque, Ionara, Maris, Lenícia, Lelê, Michelle, Gisele, Natália, Aninha, Cristiane, Neiara, Théo, Méia, Fernandinha, Cacai, Laura…
Só posso agradecer ao Bruno, que sempre foi meu incentivador nessa história…
“Quando não tivermos mais nenhuma mulher parindo por via vaginal por absoluta incompetência da nossa sociedade de lidar com esse fenômeno, talvez seja tarde demais”, disse o médico obstetra Ricardo Jones. Fica o pensamento…

Um comentário:

Marusia disse...

Dri,
a cumplicidade entre a mulher e o(a) obstetra é fundamental. Torço para que um dia todas as mães possam tê-la! Adorei o relato!
Beijos,
Marusia