quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Avaliando o estresse das crianças

O Arthur, meu filho de 7 anos, está no 1º ano. Ver ele lendo as placas na rua, os letreiros das lojas, as revistas, os jornais, os anúncios da TV, é uma das maiores emoções que tenho sentido nos últimos tempos.

E como fala. O Arthur é um tagarela de marca maior. Mas nas suas conversas, eu percebo o tanto que tem aprendido na escola. Fala da natureza. Dos bichos. Dos planetas. Do corpo humano. Orgulho.

Pergunta para mim se ele já fez alguma prova na escola. Prova? Ele não sabe nem o que é isso. Por enquanto, e eu sou muito grata à escola por isso, ele é poupado daquele estresse que nosso sistema educacional insiste em valorizar chamado avaliação. E é por isso que tantos pais acham lindo ver seu filho de 7 anos estudando para a prova. Eu, sinceramente, acho TOTALMENTE DESNECESSÁRIO colocar um peso desses sobre as costas de uma criança que acaba de aprender a ler. Sei que ano que vem, as provas devem aparecer na vida dele. Fazer o quê? Enquanto nosso sistema educacional BURRO não parar de medir conhecimento pelas respostas certas dadas pelo aluno, aquelas que são esperadas pelo professor, vamos ter que ir nos virando com isso mesmo.

Não falo isso sem conhecimento de causa. Eu dou aula de alfabetização para adultos. Tudo bem, não tenho 18 alunos como a professora do meu filho. Tenho uma média de 10. Mas sei muito bem as dificuldades e avanços de cada um. Fico feliz com os avanços que tenho observado na Zulmira, que já observa os próprios erros e os corrige sozinha. Faço questão de falar isso para ela. Sei que a Conceição faz todos os deveres, mas a letra que ela traz no caderno de casa é diferente da que ela faz na sala (será que tem algum filho ajudando?). Sei que a Vilma sabe muito ler, mas sempre antes de atender um pedido meu para ler alguma coisa, ela reclama e diz que não vai conseguir de jeito nenhum. Sei que dona Nazaré vai para as aulas mais para bater papo do que para aprender, e ela gosta mesmo é de copiar (já falei mil vezes que copiar não faz ninguém aprender a ler, mas não adianta, deixa pra lá).

Eu preciso fazer avaliação com eles? Pra quê? Eu os avalio todos os dias em que estamos juntos.

Fico grata à tia Aurora, à super professora do Arthur, por fazer esse tipo de avaliação também com meu filho. Sem submetê-lo, antes da hora, ao estresse que o nosso sistema educacional insiste em valorizar.

Um comentário:

Bia disse...

Esta seria uma batalha áruda e alongo, longo termo. E se... vier um dia! Aqui nao é diferente. Embora vez ou outra se ouca falar de um ou outro educador com idéias "revolucionárias" de ensino. Seria dar murro em ponta de faca. Este é o primeiro ano escolar de meu filho em que ouço de seus professores um outro conceito, outras idéias de educar e de aprender. Inclusive a idéia de que dever de casa é contra-Lei, que já basta o monte de coisas que fazem em sala de aula, o estresse do tempo contadinho, da carga horária pesada. Que em casa se deve sim rever o que foi aprendido, reler, sistematicamente. Mas nao, depois de 6 horas de aula ainda chegar em casa e se ver perdido entre deveres de casa! Meu filho está agora na 5a. série e estamos aprovando muito o novo modo de se aprender em sua classe!